terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Análise: Drive (2011)

Direção: Nicolas Winding Refn
Roteiro: Hossein Amini
Elenco: Ryan Gosling, Carey Mulligan, Albert Brooks, Ron Pearlman, Oscar Isaac, Kaden Leos
Duração: 100 minutos
Idioma: Inglês
País: Estados Unidos
Resumo: Um misterioso dublê de Hollywood encontra problemas quando tenta ajudar seus vizinhos

 

Silêncio. É impressionante como algo tão subestimado pode se tornar tão belo. Em Drive, do diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn, vemos como o silêncio pode ser mais valioso do que um milhão de palavras. Esse é um caso clássico de um filme que nasceu para ser “cool”, pois todas as características pra isso estão lá: Um personagem principal carismático, que possui uma marca registrada (jaqueta com escorpião); trilha sonora extremamente magnética, te levando aos anos 80; perseguição de carros, entre outros. A história, baseada no livro homônimo de James Sallis, é focada em Driver (Ryan Gosling), que trabalha como dublê durante o dia e motorista de fuga durante a noite. Ao conhecer Irene (Carey Mulligan) e seu filho Benicio (Kaden Leos), ele cria um forte laço de amizade com eles. Tudo muda quando o ex-marido de Irene, Standard Gabriel (Oscar Isaac), sai da cadeia e volta pra casa, culminando na decisão de Driver de ajudá-lo a se livrar das pessoas que o perseguem.


 
O filme, no entanto, não atrai apenas pelo seu aspecto “cool”. Ele é extremamente bem trabalhado na sua parte técnica, com uma direção magnífica. Um exemplo claro dela é na cena do assalto, em que a tensão é construída desde chegada ao lugar, emendando com a espera pelo roubo e a fuga que faz o espectador grudar na cadeira. Outra cena genial é a do elevador, na qual o foco é voltado aos personagens, inclusive com a iluminação da cena mudando para destacá-los, como se nada mais existisse no mundo. A apresentação do personagem principal também merece destaque, pois é nela que ele mostra toda sua “metodologia de trabalho” e estabelece algumas regras básicas que ele obedece nas situações de fuga.

As atuações também são de grande qualidade. As cenas em que Driver e Irene estão juntos são de uma sutileza que chega a encher os olhos. Lembro-me de ter visto algumas pessoas reclamando que há pouco ou quase nenhum diálogo em tais cenas e devo dizer que não vejo motivos pra reclamar em relação a isso, pois tal situação é extremamente normal. Não são todos os seres do universo que são como personagens do Tarantino, que não conseguem parar de falar nem por um segundo (gosto muito dos filmes dele, apenas estou usando como exemplo). 

 
 
Talvez possa soar um pouco romântico demais, mas, na minha visão, a conexão entre os personagens pode ser bem explicada por uma fala de um personagem do filme Shame (2011). Tal fala é dita em uma cena em que um homem e uma mulher estão jantando e discutindo sobre casamentos. Em certo ponto da conversa, o homem fala que não entende porque as pessoas se casam, pois sempre acabam entrando em uma rotina e no fim nem conversam mais, e a mulher responde: “Eles não precisam falar porque talvez estejam conectados”.

 
 
Acredito que é exatamente isso que se passa nas cenas de Irene e Driver. Os olhares e sorrisos deles dizem tudo, não há necessidade de ficar falando coisas sem sentido apenas para tentar chamar a atenção. Esse tipo de cena só se torna bela pela química demonstrada entre os atores, aliada à precisão do diretor em captá-la. Os outros atores que compõem o elenco também são de grande qualidade. Ron Pearlman, Oscar Isaac e Bryan Cranston fazem participações sólidas. Mas, de todos os coadjuvantes, quem rouba a cena é o mafioso Bernie Rose (Albert Brooks), que se mostra frio e calculista, protagonizando uma dos assassinatos mais frios que já tive o prazer de ver em tela.

 
Há muito mais para ser dito sobre o filme, como toda a qualidade da trilha sonora (que mereceria um post a parte), a mudança do personagem de Ryan Gosling e tantas outras características, mas prefiro que você assista e se delicie. Com certeza, Drive é um filme para ser visto várias vezes, pois não é todo dia que vamos algo com tamanha qualidade. Torço para que o diretor mantenha o nível em sua próxima obra, que estréia nesse ano e também terá Ryan Gosling no papel principal.






Clique no botão abaixo para ver o trailer do filme: 

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