quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Análise: Precisamos Falar Sobre o Kevin (We Need To Talk About Kevin, 2011)

 

Direção: Lynne Ramsay
Roteiro: Lynne Ramsay e Rory Stewart Kinnear
Elenco: Tilda Swinton, John C. Reilly, Ezra Miller, Ashley Gerasimovich
Duração: 112 minutos
Gênero: Drama
País: Reino Unido /Estados Unidos
Idioma: Inglês
Resumo: Um estudo sobre os efeitos causados em uma mãe depois que seu filho comete um crime.



Até que ponto os pais são responsáveis pelos atos de seus filhos? Essa questão é o centro da narrativa de “Precisamos Falar Sobre o Kevin”, que mostra Eva (Tilda Swinton) tendo sua vida modificada após seu filho cometer um crime. A história é contada em linhas temporais diferentes: uma que se passa na infância e adolescência de Kevin (Ezra Miller, o criminoso); uma focada nos momentos que antecedem o ato cometido por este e outra que nos mostra o efeito que esses atos causam em sua mãe. Com essa fragmentação da narrativa, poderíamos nos perder entre as linhas temporais, mas a montagem de Joe Bini é  bem feita e deixa o filme facilmente compreensível. A ideia de usar o corte de cabelo de Eva para indicar em qual momento a história se encontra foi uma sacada inteligente da roteirista e diretora Lynne Ramsay.





O desenvolvimento de Kevin é mostrado a partir de sua infância até o momento crucial que o leva à cadeia. A escolha dos atores que o interpretam foram acertadas, e todos conseguem passar o sentimento de manipulação que o personagem exerce sobre aqueles que estão à sua volta. Quando o vemos crescendo e exteriorizando certas atitudes é que entram os questionamentos, como o levantado na frase inicial desta análise.

 

Ao mesmo tempo em que Eva mostra ser uma mãe preocupada e atenciosa, ela trata a criança de maneira duvidosa em alguns momentos, proferindo frases como “A mamãe era feliz até o Kevin chegar. Agora ela acorda todas as manhãs desejando estar na França”. Além disso, muitas vezes ela vê o filho praticando atos visivelmente incorretos e age de forma indiferente, sem repreendê-lo ou ao menos tentar um diálogo. Isso sem contar que em certa altura ela chega a agredi-lo, e, mesmo que ele tenha dado motivos para tal, a reação dela é bastante desproporcional. Por outro lado, Kevin também mostra sua personalidade estranha ao se comportar de um jeito quando está perto da mãe, e de outro, totalmente diferente, quando está próximo do pai, Franklin (John C. Reilly). O jeito que ele age com a irmã também nos faz questionar se existe algum sentimento de afeto dentro do personagem.

                                 
Por esses fatos, não é fácil concluir se as atitudes que ele tem no futuro são inicialmente causadas pelos de erros que os pais cometem em sua criação, ou se são simplesmente o resultado de algum desvio psicológico já presente desde seu nascimento. Independente da conclusão que tomarmos após verificar tudo que é mostrado, o filme deixa bem claro que a população em volta deles toma Eva como culpada, e olhando de fora da situação, presume-se fácil assumir a decisão de condená-la. No entanto, o filme triunfa ao nos fornecer os insumos para que possamos tirar as nossas próprias conclusões.








Clique no botão abaixo para ver o trailer do filme: 

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