quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Análise: eXistenZ (1999)



Direção: David Cronenberg
Roteiro: David Cronenberg
Elenco: Jennifer Jason Leigh, Jude Law, Willem Dafoe, Christopher Ecclestone, Sarah Polley, Ian Holm, Callum Keith Rennie, Don McKellar
Duração: 97 minutos
Gênero: Ficção Científica
Países: Canadá / Reino Unido
Idioma: Inglês
Resumo: Uma programadora de jogos começa a ser perseguida por uma organização e deve testar seu jogo para saber se o mesmo está danificado.

 
David Cronenberg é um dos cineastas mais enigmáticos que já pisaram nesse planeta. Todas as suas obras são, no mínimo, intrigantes, e causam no espectador uma certa inquietude, seja pelas revelações inesperadas, como acontece em MARCAS DA VIOLÊNCIA (A HISTORY OF VIOLENCE, 2005), pelas obras repletas de críticas implícitas, como em VIDEODROME (1983) ou pelo seu body horror, presente em vários de seus filmes, entre eles A MOSCA (THE FLY, 1986). Até mesmo seu último filme, COSMOPOLIS (2012), que foi crucificado pela crítica, conseguiu despertar certa curiosidade, fazendo o espectador ficar curioso do que estava por trás de seus diálogos confusos.

Tem certas coisas que são realmente inexplicáveis, pois, mesmo conhecendo bem o trabalho do diretor, de alguma maneira eu tinha algum bloqueio quando ouvia falar do filme eXistenZ. Apesar de já ter lido sua sinopse algumas vezes, jamais vi um trailer (pois sou totalmente averso à prática) ou li uma crítica sobre o filme. E de algum modo, eu nunca fiquei realmente inclinado a assisti-lo. Isso mudou durante essa semana, quando li uma frase solta em algum site que falava que o filme era um misto de MATRIX (1999) com A ORIGEM (INCEPTION, 2010), e, sendo estes dois filmes pelos quais tenho grande apreço, cresceu em mim uma ponta de curiosidade para ver o que eXistenZ poderia me oferecer.

A premissa do filme, por mais estranha - e até desanimadora - que pareça, não faz jus à grandiosidade que é apresentada em tela. A história gira em torno de Allegra Geller (Jennifer Jason Leigh), a maior desenvolvedora de games do mundo. Após a criação de seu último jogo - que dá nome ao filme -, Allegra passa a ser perseguida pela corporação Antenna, que coloca um prêmio pela cabeça dela. Para ajudá-la na fuga, ela recebe a ajuda de Ted Pikul (Jude Law), um estagiário em marketing que acaba se tornando uma espécie de segurança da garota. No entanto, a partir do momento em que Allegra percebe que seu videogame (e essa concepção de videogame é com certeza uma das mais bizarras já colocadas em tela) pode estar infectado, ela pede a ajuda de Ted, e ambos entram no jogo eXistenZ para verificar se tudo está funcionando perfeitamente. No decorrer do filme, alguns atores conhecidos fazem participações, como Willem Dafoe, Ian Holm, Callum Keith Rennie, entre outros.

Assim como ocorre na maioria dos filmes do diretor, os efeitos visuais são feitos “à mão”, sem uso de computador – exceto em uma cena. Os diálogos, que às vezes soam absurdos (como a cena em que o jogo é pausado), e conceitos interessantes (as bio-portas, que são utilizadas para conectar os personagens ao jogo, bem como as armas que não são detectadas por sensores de equipamentos metálicos são geniais) são constantes no filme. O ato final é fantástico, não consigo lembrar de algum filme que eu tenha visto nos últimos tempos que tenha atingido tão bem seu objetivo e tenha se encerrado de maneira tão magistral. A mistura entre o real e virtual também é bastante provocante no decorrer da película. E não importa se você é fã do diretor, pois eXistenZ é absolutamente imperdível, e posso garantir que, após assistir o filme, você terá pelo menos dois pensamentos: “O que diabos acabou de acontecer?” e “Eu preciso assistir esse filme novamente”.

2 comentários:

  1. Acabei de assistir e caralho! Além de toda a complexidade e loucura, o filme termina com uma ótima crítica a uma possivel sociedade dominada por realidades fictícias.

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