domingo, 30 de dezembro de 2012

Análise: Festa de Família (Festen, 1998)




Direção: Thomas Vinterberg
Roteiro: Thomas Vinterberg & Mogens Rukov
Elenco: Ulrich Thomsen, Henning Moritzen, Thomas Bo Larsen, Paprika Steen, Birthe Neumann  
Duração: 105 minutos
Gênero: Drama 
Países: Dinamarca / Suécia 
Idiomas: Dinamarquês / Alemão / Inglês
Resumo: Familiares e amigos se reúnem para a comemoração do aniversário de 60 anos de Helge. À medida que as pessoas vão se acomodando, assuntos desagradáveis começam a surgir.
 
     
 
Antes de falar especificamente de Festa de Familia, vale a pena dar uma pincelada sobre o movimento chamado Dogma 95. Idealizado na Dinamarca por Thomas Vinterberg e Lars Von Trier, esse movimento implicava em uma dissociação dos métodos de pós-produção utilizado por cineastas para “distrair” a audiência. Assim, os diretores que aderiram ao movimento tiveram que se encaixar em uma série de mandamentos, entre eles: Não colocar seu nome nos créditos; proibição do uso de trilha sonora (a não ser que a música esteja tocando no próprio cenário); uso exclusivo de iluminação natural, entre outros.
 
   
 
O filme em questão foi o primeiro do movimento - que não poderia ter começado melhor. Dirigido por Thomas Vinterberg (não creditado pelos motivos explicados) o filme mostra como uma reunião familiar pode se tornar inusitada. O motivo da festa é a comemoração do aniversário de Helge (Henning Moritzen) o patriarca da família. Junto com sua esposa Else (Birthe Neumann), o casal recebe em sua casa uma imensidade de convidados, entre eles os três filhos do casal, Christian (Ulrich Thomsen), Michael (Thomas Bo Larsen) e Helene (Paprika Steen). O casal ainda possuía uma outra filha, gêmea de Christian, que veio a se suicidar, e a consequência desse acontecimento é maravilhosamente explorada pelo roteiro.

   
 
A direção de Thomas Vinterberg é precisa ao nos conduzir como se fôssemos parte de tudo o que está acontecendo. É curiosa a sensação que o filme traz de estarmos participando dos preparativos e também da própria festa. No entanto, quando os convidados vão se acomodando e se reúnem no salão principal, são reveladas situações que assustariam qualquer família. Nesses momentos, o filme causa um misto de vergonha e curiosidade no espectador, e o que acontece é o que aconteceria em qualquer família, com a avó tentando disfarçar através da música ou o mestre de cerimônias se desculpando.

   
 
A grande virtude do filme é mostrar que até as famílias mais normais podem ter seus esqueletos guardados no armário. Não existe família perfeita, mas esse filme nos mostra que tudo poderia ser um pouquinho pior. A estética proposta pelo movimento Dogma é percebida com facilidade no decorrer da projeção, onde vemos cenas bem escuras devido à falta de iluminação ou o som que falha diversas vezes. Uma cena – das mais tocantes do filme - em que as características do movimento ficam em evidência é aquela em que a iluminação é feita por apenas um isqueiro. No geral, o filme é agradável e chocante, possuindo temas como racismo, estupro, entre outros. Não sente para asssistí-lo esperando um pastelão sobre uma festa em que tudo dá errado. Festa de Família é muito mais do que isso, sendo um dos grandes filmes dos anos 90.







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