sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Análise: A Dança dos Vampiros (The Fearless Vampire Killers, 1967)

 


Direção: Roman Polanski
Roteiro: Roman Polanski e Gérard Brach
Elenco: Jack MacGowran, Roman Polanski, Sharon Tate, Ferdy Maine, Alfie Bass, Iain Quarrie, Terry Downes
Duração: 108 minutos
Gênero: Comédia / Terror
Países: Reino Unido
Idiomas: Inglês
Resumo: Um renomado professor e seu assistente vão à Transilvânia em busca de pistas sobre vampiros.

Não foi em filmes como “Todo Mundo em Pânico” que o cinema de terror começou a ser satirizado. Já na década de 90, Mel Brooks também esteve no ramo, com o filme “Drácula Morto, Mas Feliz”. Também ficou famoso o filme “A Repossuída”, paródia horrorosa do clássico de terror “O Exorcista”. Mas, ainda antes destes, em 1967, Roman Polanski dirigiu a ótima comédia “A Dança dos Vampiros”. Ainda hoje, essa é uma das mais bem sucedidas tentativas de abordar o assunto de forma bem humorada.


 

A história do filme nos leva à Transilvânia junto com o Professor Abronsius (Jack MacGowran) e seu pupilo Alfred (interpretado pelo próprio Polanski). Eles estão em busca de evidências sobre a existência dos vampiros e chegam a uma pequena taverna, perguntando se existe um castelo por ali. Os presentes negam a existência de algo do tipo, mas algumas pistas espalhadas pelo local fazem com que Alfred e Abronsius desconfiem que sua busca pelos seres malignos esteja próxima de terminar. Quando são mandados aos seus aposentos, eles encontram a bela Sarah (Sharon Tate), que acaba involuntariamente servindo como isca para que eles descubram a existência do vampiro Conde Von Krolock (Ferdy Maine), que acaba raptando-a. Então, nossos heróis partem em busca do castelo para tentar salvá-la e descobrir mais sobre os vampiros.

 

Uma das características que faz de “A Dança dos Vampiros” um filme tão celebrado até hoje é a sua atmosfera. Quando os personagens chegam ao castelo, a impressão que dá é a de que o lugar é fantasmagórico, quase surreal, principalmente pelo fato de possuir salões enormes que estão quase sempre vazios, e também ajuda a criar essa sensação o fato de estar sempre nevando, o que causa, por si só, uma sensação de isolamento. Junte isso à trilha sonora, que consegue a proeza de soar macabra e engraçada ao mesmo tempo, e assim temos uma combinação que consegue deixar o espectador imerso. Ademais, temos a tal dança dos vampiros, que é algo que me traz muitas lembranças, pois, quando eu assistia a esse filme em VHS, ficava vidrado nesta cena. Hoje, tudo isso parece muito distante dentro de minha memória, mas, quando a revejo, tenho a mesma sensação que tinha naquele tempo, com a impressão de que todo aquele baile faz parte de algum sonho.

 

Após essa divagação, destaco outro acerto do filme, que é a apresentação e desenvolvimento dos personagens. O professor Abronsius é demonstrado de maneira tão caricata, que somente seu olhar já atrai risadas. Quando ele contracena com Alfred o resultado sempre é cômico, e a sua expressão corporal mostra como Jack MacGowran foi a escolha perfeita para o papel. Alfred é retratado como um personagem doce e adorável. O seu interesse por Sarah é mostrado de maneira muito inocente, embora ele se comporte de maneira um pouco mais assanhada perante outras moças. Sarah, por sua vez, é mostrada de maneira ainda mais inocente que Alfred, e Sharon Tate conseguiu passar muito bem essa sensação. Alfie Bass e Ferdy Maine também se destacam no filme, o primeiro como Shagal, o dono da taverna e o outro como o cômico Von Krolock. Iain Quarrier também merece destaque por interpretar de maneira competente o vampiro Herbert, filho de Von Krolock. Por fim - e não menos importante - cito Koukol (Terry Downes), o fiel servo de Von Krolock, que assusta todos os presentes apenas com a sua feiúra.

 

Fiz questão de destacar todos os personagens que têm alguma relevância no filme por eles serem bem marcantes. Não sei dizer com certeza se é porque assisti muitas vezes a esse filme durante a minha vida, mas nunca me esqueço do rosto assustador de Koukol, ou da cara engraçada de Abronsius. Esses personagens até hoje são adorados por muitos amantes de cinema. De todo modo, para alguns, a parte humorística do filme pode parecer um pouco datada, mas sua sutileza ainda é capaz de arrancar boas risadas, principalmente por esse humor não ser jogado na nossa cara de forma escrachada. O fechamento da história é feito de maneira ambígua, deixando inclusive espaço aberto para uma continuação, que nunca veio. A parte triste é que esse foi um dos últimos filmes de Sharon Tate, esposa de Polanski, que foi brutalmente assassinada aos 26 anos quando estava grávida de oito meses. Apesar da carreira curta, a atriz deixou sua imagem para sempre na memória de quem assiste este ótimo filme.
Clique no botão abaixo para ver o trailer do filme: 

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