Direção: Nicolas Winding Refn
Roteiro: Hossein Amini
Elenco: Ryan Gosling, Carey
Mulligan, Albert Brooks, Ron Pearlman, Oscar Isaac, Kaden Leos
Duração: 100 minutos
Idioma: Inglês
País: Estados Unidos
País: Estados Unidos
Resumo: Um misterioso dublê de Hollywood encontra
problemas quando tenta ajudar seus vizinhos
Silêncio. É impressionante como
algo tão subestimado pode se tornar tão belo. Em Drive, do diretor dinamarquês
Nicolas Winding Refn, vemos como o silêncio pode ser mais valioso do que um
milhão de palavras. Esse é um caso clássico de um filme que nasceu para ser “cool”, pois todas as características
pra isso estão lá: Um personagem principal carismático, que possui uma marca
registrada (jaqueta com escorpião); trilha sonora extremamente magnética, te
levando aos anos 80; perseguição de carros, entre outros. A história, baseada
no livro homônimo de James Sallis, é focada em Driver (Ryan Gosling), que
trabalha como dublê durante o dia e motorista de fuga durante a noite. Ao
conhecer Irene (Carey Mulligan) e seu filho Benicio (Kaden Leos), ele cria um
forte laço de amizade com eles. Tudo muda quando o ex-marido de Irene, Standard
Gabriel (Oscar Isaac), sai da cadeia e volta pra casa, culminando na decisão de
Driver de ajudá-lo a se livrar das pessoas que o perseguem.
O filme, no entanto, não atrai
apenas pelo seu aspecto “cool”. Ele é
extremamente bem trabalhado na sua parte técnica, com uma direção magnífica. Um
exemplo claro dela é na cena do assalto, em que a tensão é construída desde chegada
ao lugar, emendando com a espera pelo roubo e a fuga que faz o espectador
grudar na cadeira. Outra cena genial é a do elevador, na qual o foco é voltado
aos personagens, inclusive com a iluminação da cena mudando para destacá-los,
como se nada mais existisse no mundo. A apresentação do personagem principal
também merece destaque, pois é nela que ele mostra toda sua “metodologia de
trabalho” e estabelece algumas regras básicas que ele obedece nas situações de
fuga.
As atuações também são de grande
qualidade. As cenas em que Driver e Irene estão juntos são de uma sutileza que
chega a encher os olhos. Lembro-me de ter visto algumas pessoas reclamando que
há pouco ou quase nenhum diálogo em tais cenas e devo dizer que não vejo
motivos pra reclamar em relação a isso, pois tal situação é extremamente
normal. Não são todos os seres do universo que são como personagens do
Tarantino, que não conseguem parar de falar nem por um segundo (gosto muito dos
filmes dele, apenas estou usando como exemplo).
Talvez possa soar um pouco romântico
demais, mas, na minha visão, a conexão entre os personagens pode ser bem
explicada por uma fala de um personagem do filme Shame (2011). Tal fala é dita
em uma cena em que um homem e uma mulher estão jantando e discutindo sobre
casamentos. Em certo ponto da conversa, o homem fala que não entende porque as
pessoas se casam, pois sempre acabam entrando em uma rotina e no fim nem
conversam mais, e a mulher responde:
“Eles não precisam falar porque talvez estejam conectados”.
Acredito que é exatamente isso
que se passa nas cenas de Irene e Driver. Os olhares e sorrisos deles dizem
tudo, não há necessidade de ficar falando coisas sem sentido apenas para tentar
chamar a atenção. Esse tipo de cena só se torna bela pela química demonstrada
entre os atores, aliada à precisão do diretor em captá-la. Os outros atores que
compõem o elenco também são de grande qualidade. Ron Pearlman, Oscar Isaac e
Bryan Cranston fazem participações sólidas. Mas, de todos os coadjuvantes, quem
rouba a cena é o mafioso Bernie Rose (Albert Brooks), que se mostra frio e
calculista, protagonizando uma dos assassinatos mais frios que já tive o prazer
de ver em tela.
Há muito mais para ser dito sobre
o filme, como toda a qualidade da trilha sonora (que mereceria um post a
parte), a mudança do personagem de Ryan Gosling e tantas outras
características, mas prefiro que você assista e se delicie. Com certeza, Drive
é um filme para ser visto várias vezes, pois não é todo dia que vamos algo com
tamanha qualidade. Torço para que o diretor mantenha o nível em sua próxima
obra, que estréia nesse ano e também terá Ryan Gosling no papel principal.
Clique no botão abaixo para ver o trailer do filme:
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