Direção: Leos Carax
Roteiro: Leos Carax
Elenco: Denis Lavant, Edith Scob, Kylie Monigue, Michel Piccoli, Eva
Mendes
Duração: 115 minutos
Gênero: Drama / Fantasia
País: França
Idioma: Francês
Resumo:
Algumas horas da vida de Monsieur Oscar, um homem misterioso que interpreta
diferentes papéis à medida que o tempo vai passando.
Uma grande homenagem ao cinema. Creio que essa seja uma das
possíveis interpretações que podemos dar a “Holy Motors”, último filme do
diretor francês Leos Carax. No entanto,
existe bem mais do que os olhos podem facilmente enxergar nessa obra. Acompanhamos
algumas horas na vida de Monsieur Oscar (Denis Lavant) que parte de sua casa
para embarcar em um dia de trabalho em sua limusine, que é dirigida por Celine
(Edith Scob) – que além de motorista, mostra ter alguma relação mais próxima
com Oscar, pois se preocupa bastante com ele - e é equipada com os equipamentos
necessários para que ele faça seu trabalho, que consiste em interpretar
diferentes papéis, de acordo com uma ficha que recebe. A atuação de Denis
Lavant quando incorpora cada um dos papéis é de encher os olhos. É impressionante
como o ator consegue se transformar a cada personagem que interpreta, se
tornando praticamente irreconhecível a cada 10 minutos de filme.
E dentro de cada um dos personagens podem ser encontrados
diferentes significados, tanto de maneira individual, dentro apenas de sua
própria história, como dentro de um arco maior envolvendo todo o filme. Uma das
interpretações que me vêm à cabeça é que, na verdade, cada um dos papéis que
Oscar está interpretando seria uma forma de homenagear os diferentes gêneros do
cinema. Temos o musical, o suspense, o terror, o drama, a comédia. Ou seja, uma
grande quantidade de gêneros diferentes está lá, alguns em maior e outros em
menor escala. Dos personagens interpretados, um dos mais marcantes é Mérde (que
também esteve presente no curta que Carax dirigiu para a coletânea “Tokyo”), um
mendigo/gnomo que sequestra uma modelo que está posando em um cemitério.
Assim como grande parte dos filmes de David Lynch, “Holy
Motors” não tem uma história facilmente decifrável logo de cara, mas vários
elementos mostrados já nos permitem formular diversas teorias. A abertura do
filme, em que um homem interpretado pelo próprio Carax sai de seu quarto e
entra em uma sala de cinema para encontrar toda a platéia dormindo ao assistir
um filme antigo já mostra muito sobre o que o filme fala. Além de mostrar de
como ficou fácil “ir ao cinema”, com equipamentos que permitem ter uma
experiência similar dentro de casa, a cena também é claramente uma crítica ao
público moderno, que não aguenta ver um filme em preto e branco por achar
entediante e que não gosta de ser desafiado, por achar que o filme deve apenas
entreter e não fazer com que o espectador pense. A conversa na limusine entre
Oscar e o personagem interpretado por Michel Piccoli acaba reforçando essa última
teoria. Piccoli reclama que o público não está mais acreditando no que Oscar
está interpretando, e este diz que ele próprio está tendo dificuldades para
ficar à vontade, pois as câmeras estão ficando cada vez menores. Talvez Carax
queira criticar também o excesso de tecnologia empregado atualmente no cinema,
pois o que vemos nos dias de hoje são filmes com orçamentos cada vez maiores e
com o uso extremo de técnicas cada vez mais avançadas, de modo que os que são
feitos “à moda antiga” acabam, de maneira geral, arrecadando muito pouco e
tendo um público ínfimo, e aqueles repletos de explosões e respostas fáceis
acabam sempre gerando maiores lucros e maior aceitação do público.
De todo modo, não importa o que você entendeu de “Holy
Motors”. O filme acaba sendo uma experiência agradável de qualquer maneira,
deixando aquela pulga atrás da orelha para sabermos o que determinadas cenas
querem nos dizer. Em 2012, tivemos grandes obras no cinema e, no entanto,
pouquíssimas atingiram o nível de excelência que Carax alcançou com esse
brilhante filme.
Clique no botão abaixo para ver o trailer do filme:
Confesso que fiquei confuso após assistir o filme. Mas já vi análises iguais a sua sobre o sentido do filme, e eu tendo a concordar com tudo.
ResponderExcluirRecomenda que faça uma análise do filme Lost Highway, esse seria um ótimo filme de discutir.
Lost Highway é tenso. Da vez que vi, lembro que entendi pouquíssimo.
ExcluirVou tentar rever e conseguir achar algum significado.