Breve análise do Oscar 2013

Com Seth MacFarlane como host, a noite do Oscar teve seus piores momentos nas partes cômicas. As piadas não funcionaram e muitas vezes o comediante tinha que rir de suas próprias piadas para "avisar" ao público que aquele era o momento certo para tal ato. Pra completar, neste ano o cerimonial foi preenchido com diversos números musicais, que, salvo as apresentações dos temas de Goldfinger e Skyfall, não serviram para muito além de dar um tempinho para tomarmos uma água.

Mas na parte que importa, que é a entrega dos prêmios, foi mostrado mais uma vez que a Academia pode inovar quando quer - seja para o bem ou para o mal. Nos prêmios técnicos, não houveram muitas surpresas. AS AVENTURAS DE PI, como era esperado, acabou se saindo melhor do que os concorrentes nessas categorias, conquistando os prêmios de Melhores Efeitos Visuais, Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora. A grande surpresa nessa parte foi a vitória de LINCOLN na categoria de Melhor Design de Produção, pois era esperado que AS AVENTURAS DE PI ou OS MISERÁVEIS levassem o prêmio, o que acabou não acontecendo. Um fato curioso foi o empate na categoria de Melhor Edição de Som, cujo prêmio foi dividido entre SKYFALL e A HORA MAIS ESCURA.

Nas categorias principais, a lógica ia sendo seguida, com Christoph Waltz sendo premiado por DJANGO LIVRE e Anne Hathaway por OS MISERÁVEIS , ambos em papéis coadjuvantes. A vitória de Daniel Day-Lewis como melhor ator por LINCOLN - que se tornou o primeiro ator a levar 3 estatuetas por atuações em papéis principais - também já era esperada. O que surpreendeu mesmo foram as categorias de Melhor Diretor e Melhor Atriz. Na primeira, podemos dizer que foi uma dádiva a não-indicação de Ben Affleck. Não que ele não merecesse, mas com ARGO sendo superestimado em todas as premiações, a vitória do diretor seria certa. No entanto, com esta ausência, fez-se a justiça, com a vitória de Ang Lee, que transpôs de maneira magnífica o livro de Yann Martel para as telas - e ressalte-se que se dizia que tal livro era infilmável. Mas como sabemos que "sem vitória não há sofrimento" a categoria de Melhor Atriz nos reservou a surpresa desagradável da noite, com a vitória de Jennifer Lawrence, por O LADO BOM DA VIDA. E não me entendam mal, o trabalho dela no filme é competente, mas a concorrência era muito mais. Apenas o clipe de 15 segundos mostrando a cena de Emanuelle Riva em AMOR já justificaria o Oscar para a atriz francesa. E na falta desta, Jessica Chastain pela sua entrega em A HORA MAIS ESCURA também foi merecia mais o prêmio do que a vencedora.

Na categoria de Melhor Filme, deu o que todo mundo esperava, com ARGO colocando mais um prêmio em sua prateleira, levando também os prêmios de Melhor Montagem e Melhor Roteiro Adaptado - estes sim justos. Ao menos o público foi poupado de presenciar a aberração que seria ARGO levando a dobradinha Diretor-Filme. O último destaque fica para a vitória de Quentin Tarantino pelo roteiro de DJANGO LIVRE. Apesar de este não ser o trabalho mais brilhante do diretor, não se pode reclamar de seus roteiros, que são muito bem escritos, com personagens marcantes sendo criados. Mas acho que esse prêmio veio como um pedido de desculpas da Academia por não ter premiado Tarantino três anos atrás, pelo brilhante roteiro de BASTARDOS INGLÓRIOS (2009), pois naquele filme o roteiro era visivelmente superior ao dos seus concorrentes, o que não foi tão evidente nessa edição.