Direção: William Friedkin
Roteiro: Tracy Letts
Elenco: Michael Shannon, Ashley Judd, Lynn Collins, Harry Connick Jr.
Duração: 102 minutos
Gênero: Drama / Ficção Científica
País: Estados Unidos / Alemanha
Idioma: Inglês
Resumo: Ilusão e realidade se confundem em um quarto de um hotel em que um casal descobre uma infestação de insetos.
Primeiro filme da parceria entre William Friedkin e Tracy
Letts – que escreveu o roteiro e também é responsável pela peça e roteiro de
Killer Joe: Matador de Aluguel (Killer Joe, 2011) –, Possuídos mostra Agnes (Ashley Judd), uma
moradora de um quarto de motel que trabalha em um bar e, após uma noite de
trabalho, recebe em sua “casa” a amiga R.C. (Lynn Collins) e o desconhecido
Peter Evans (Michael Shannon). Após constatar que ele não tem para onde ir,
Agnes permite que o estranho passe um tempo com ela. A partir disso, o filme
entra em uma atmosfera de paranoia, pois Peter começa a supostamente encontrar
insetos em por toda a parte. Isso se amplia, pois o quarto em que Agnes vive,
como era de se esperar em um motel, é claustrofóbico, e o diretor consegue mostrar
bem esse sentimento ao passar quase todo o tempo do filme dentro desse
ambiente.
O filme cria alguns mistérios que não são tão
fáceis de responder. Mesmo antes de conhecer Peter, Agnes - que teve um filho
desaparecido - recebia telefonemas em que ninguém dizia nada e ela suspeitava o
responsável fosse o seu ex-marido Jerry Goss (Harry Connick Jr.), que acabara
de sair da cadeia. No entanto, mesmo após a chegada de Peter (e a negativa de
Jerry sobre a autoria dos telefonemas), eles continuam acontecendo, e este diz que é porque o governo está espionando eles. Algumas pistas que
Friedkin nos dá, leva a pensar que tudo que Agnes e Peter vivem não passa de
uma ilusão.
O que consegui tirar disso é que possivelmente Agnes se
sentia tão sozinha que se deixou levar pela loucura de Peter, sendo arrastada
para as ideias de uma conspiração enorme envolvendo experimentos científicos,
CIA, FBI e o governo dos EUA. Mas mesmo isso não fica tão claro, e o texto de
Letts funciona muito bem ao deixar sempre uma ponta de dúvida pairando no ar.
Muito da qualidade do filme se encontra na atuação do casal principal,
principalmente Michael Shannon, que vem conseguindo atuações melhores a cada
ano que passa, e, se continuar nesse ritmo, certamente será um dos atores mais
celebrados dessa geração. Ashley Judd interpreta bem uma mãe desolada, que
acaba se tornando uma mulher sozinha e facilmente manipulável.
Possuídos funciona como um bom estudo de paranoia coletiva,
mostrando que Peter consegue levar Agnes à loucura, mas ela também o influencia
com seus problemas. Depois de ter uma década de 90 praticamente nula, Friedkin emplaca duas obras seguidas com enorme qualidade. Vamos esperar que
ele continue nesse ritmo e ainda faça alguns filmes, pois, já estando em idade
avançada, não se pode esperar que ele ainda produza muito – a não ser que ele
se torne um novo Manoel de Oliveira.
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