terça-feira, 30 de abril de 2013

Análise: Possuídos (Bug, 2006)

 
Direção: William Friedkin
Roteiro: Tracy Letts 
Elenco: Michael Shannon, Ashley Judd, Lynn Collins, Harry Connick Jr.   
Duração: 102 minutos    
Gênero: Drama / Ficção Científica   
País: Estados Unidos / Alemanha   
Idioma: Inglês   
Resumo: Ilusão e realidade se confundem em um quarto de um hotel em que um casal descobre uma infestação de insetos.

 



Primeiro filme da parceria entre William Friedkin e Tracy Letts – que escreveu o roteiro e também é responsável pela peça e roteiro de Killer Joe: Matador de Aluguel (Killer Joe, 2011)  –, Possuídos mostra Agnes (Ashley Judd), uma moradora de um quarto de motel que trabalha em um bar e, após uma noite de trabalho, recebe em sua “casa” a amiga R.C. (Lynn Collins) e o desconhecido Peter Evans (Michael Shannon). Após constatar que ele não tem para onde ir, Agnes permite que o estranho passe um tempo com ela. A partir disso, o filme entra em uma atmosfera de paranoia, pois Peter começa a supostamente encontrar insetos em por toda a parte. Isso se amplia, pois o quarto em que Agnes vive, como era de se esperar em um motel, é claustrofóbico, e o diretor consegue mostrar bem esse sentimento ao passar quase todo o tempo do filme dentro desse ambiente. 

O filme cria alguns mistérios que não são tão fáceis de responder. Mesmo antes de conhecer Peter, Agnes - que teve um filho desaparecido - recebia telefonemas em que ninguém dizia nada e ela suspeitava o responsável fosse o seu ex-marido Jerry Goss (Harry Connick Jr.), que acabara de sair da cadeia. No entanto, mesmo após a chegada de Peter (e a negativa de Jerry sobre a autoria dos telefonemas), eles continuam acontecendo, e este diz que é porque o governo está espionando eles. Algumas pistas que Friedkin nos dá, leva a pensar que tudo que Agnes e Peter vivem não passa de uma ilusão.

 

O que consegui tirar disso é que possivelmente Agnes se sentia tão sozinha que se deixou levar pela loucura de Peter, sendo arrastada para as ideias de uma conspiração enorme envolvendo experimentos científicos, CIA, FBI e o governo dos EUA. Mas mesmo isso não fica tão claro, e o texto de Letts funciona muito bem ao deixar sempre uma ponta de dúvida pairando no ar. Muito da qualidade do filme se encontra na atuação do casal principal, principalmente Michael Shannon, que vem conseguindo atuações melhores a cada ano que passa, e, se continuar nesse ritmo, certamente será um dos atores mais celebrados dessa geração. Ashley Judd interpreta bem uma mãe desolada, que acaba se tornando uma mulher sozinha e facilmente manipulável.

 

Possuídos funciona como um bom estudo de paranoia coletiva, mostrando que Peter consegue levar Agnes à loucura, mas ela também o influencia com seus problemas. Depois de ter uma década de 90 praticamente nula, Friedkin emplaca duas obras seguidas com enorme qualidade. Vamos esperar que ele continue nesse ritmo e ainda faça alguns filmes, pois, já estando em idade avançada, não se pode esperar que ele ainda produza muito – a não ser que ele se torne um novo Manoel de Oliveira.

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