Direção: Lee Daniels
Roteiro: Lee Daniels, Peter Dexter
Elenco: Matthew McConaughey, Zac Efron, Nicole Kidman, John Cusack, Macy Gray, David Oyelowo
Duração: 107 minutos
Gênero: Drama / Suspense
País: Estados Unidos
Idioma: Inglês
Resumo: Um repórter retorna à sua cidade natal para investigar um caso que envolve um preso condenado à morte
Se eu fosse levar em consideração a recepção por crítica e público, eu com certeza teria passado longe de The Paperboy. Lançado no meio do ano passado nos EUA, o filme foi trucidado por todos os lados, pois se alegava ele apelava com uso excessivo de violência e temas sexuais. Isso fez com que ele alcançasse o valor patético de 33% de críticas positivas no site Rotten Tomatoes, que recebe avaliações de críticos do mundo inteiro. Como não tenho problema nenhum em ver filmes com os temas citados, resolvi dar uma chance e ver o que poderia ser tirado daí.
De fato, no início, a narrativa é um pouco confusa, e a história - baseada em livro homônimo de Peter Dexter, que também participou da confecção do roteiro - é narrada em off por Anita (Macy Gray), que era empregada da família Jensen na época em que houve o assassinato do Xerife da cidade de Lately na Flórida. Após esse assassinato, Hillary Van Wetter (John Cusack) foi prontamente preso e condenado à morte sem qualquer tipo de prova convincente de sua culpa. Assim, os jornalistas Ward Jensen (Matthew McConaughey) e Yardley (David Oyelowo), vão até a cidade para tentar provar a inocência de Hillary. Para isso, recebem a ajuda do irmão de Ward, Jack Jensen (Zac Efron) e Charlotte Bless (Nicole Kidman), mulher que se apaixonou por Hillary após trocar cartas com ele.
Se há um ponto pelo qual o filme deve ser criticado é pela narração de Anita que acaba sendo um tanto quanto desnecessária em vários pontos. No entanto, um outro ponto que foi muito criticado foi o fato de o assassinato do Xerife não ter entrado muito em foco, e é nessa parte que eu discordo. O filme, desde a apresentação de seus personagens, mostra que eles são todos cheios de problemas. Vemos Jack desenvolvendo um amor à primeira vista por Charlotte, sendo que a mulher se mostra totalmente sem qualquer tipo de valores, soltando frases do tipo "Pessoas servem para transar". A mulher, por sua vez, se apaixona por um condenado à morte que se mostra totalmente bruto, não tendo qualquer pudor de se masturbar na frente dos repórteres enquanto ela o provoca, de modo que Ward se mostra claramente excitado com a cena e ficamos sem saber qual o motivo de sua excitação.
Quanto às atuações, merece destaque o ótimo trabalho de Matthew McConaughey, que já havia arrebentado em Killer Joe - Matador de Aluguel (Killer Joe, 2011) e mostra que está em plena ascensão. Também é de encher os olhos a maneira com a qual John Cusack constrói seu personagem, pois todos que acompanham sua carreira sabem que ele sempre primou por papéis mais humorísticos e sem uma carga dramática tão forte. Até mesmo em Matador em Conflito (Grosse Point Blank, 1997) em que ele interpreta um assassino, ele se aventura mais pelo lado da comédia. No entanto, em The Paperboy, o personagem de Cusack é assustador, chegando a dar calafrios presenciar a calma com a qual ele executa atos cruéis na parte final do filme. Zac Efron, ator pelo qual eu nutria certo preconceito por achar que ele não seria capaz de fazer um bom trabalho, também mostra que só ficará sendo lembrado por High School Musical se quiser, pois tem potencial para fazer filmes de ponta. Nicole Kidman também brilha no filme, de modo que ela consegue incorporar bem uma mulher livre de pudores que parece não saber bem o que está fazendo.
Longe de ser perfeito - e mais longe ainda de ser a tragédia anunciada pela crítica -, The Paperboy é um filme duro, que não faz questão nenhuma de amenizar a plateia de suas situações pesadas. Vale ressaltar que apesar de o filme ser graficamente impactante, nada está lá gratuitamente, e toda a violência e sexo mostrados são justificados pela características de seus personagens - inclusive a cena em que um personagem urina em outro. Após presenciar a retratação que Lee Daniels faz do ser humano, mostrando-o de maneira tão suja e desprezível, a primeira vontade que sentimos é a de tomar um banho para nos purificar da sensação ruim que o filme causa.
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