Direção: Ben Wheatley
Roteiro: Ben Wheatley, Amy Jump
Elenco: Neil Maskell, Michael Smiley, MyAnna Buring, Emma Fryer, Harry Simpson
Duração: 95 minutos
Gênero: Suspense /
Drama / Terror
Países: Reino Unido
Idioma: Inglês / Sueco
Resumo: Dois assassinos devem executar um trabalho que envolve matar três pessoasComo eu já falei em um dos posts passados, sobre o Top 5 do mês de março, a primeira vez que ouvi falar de Ben Wheatley foi no referido mês. Ao verificar sua lista de realizações, vi que ele tinha dirigido algumas séries de tv e tinha apenas três filmes no currículo. Como apenas dois deles estavam disponíveis, resolvi pegar Kill List por este estar encaixado, segundo suas descrições, no gênero terror/suspense. Não lembro se eu já disse alguma vez aqui no blog, mas em grande parte das vezes que vou ver um filme, tento ler o mínimo sobre ele, evitando qualquer tipo de spoilers ou qualquer coisa que possa revelar detalhes da trama - e tento fazer o mesmo nas minhas análises, revelando o menor número de elementos da história dos filmes, trantadomais de aspectos que não estraguem a experiência para quem ainda não assistiu.
Assim, ao começar a assistir Kill List, a única coisa que eu sabia era que o filme tratava de dois assassinos que recebem a tarefa de matar três pessoas. No entanto, desde os minutos iniciais, já podemos perceber que o filme é muito mais do que apenas essa descrição. Jay (Neil Maskell) é um ex-soldado em crise, que está se recuperando de um trabalho mal feito em Kiev, e já está há um bom tempo sem trabalhar. Sua esposa, Shel (MyAnna Buring) o atormenta por achar que ele não pode passar o dia inteiro na cama e comprar besteiras, como uma jacuzzi. Assim, eles brigam constantemente, sempre gritando e xingando um ao outro, apenas amenizando essa situação quando estão na presença de seu filho Sam (Harry Simpson) . Uma noite eles recebem em sua casa Gal (Michael Smiley) e sua namorada Fiona (Emma Fryer). Após um jantar traumático, Gal revela a Jay que há um novo trabalho para eles e que este consiste em matar três desafortunados.
Uma das grandes belezas do filme é tratar os assassinos de maneira completamente livre de floreios. Eles não são os assassinos profissionais dos filmes de antigos de máfia, que fazem o trabalho de maneira extremamente limpa e metódica. Há uma boa organização no trabalho de ambos, mas aos poucos conseguimos perceber que há horas que eles mal sabem o que estão fazendo. Assim, apesar de Gal ser sempre mais consciente e tentar conter Jay, acaba vendo o amigo perder os traços de sua humanidade ao cometer atrocidades contra outros que talvez tenham cometido atos até piores.
Além disso, desde a cena do jantar já é dada uma pista ao espectador de que algo ali não está muito certo. Fiona faz algo no banheiro que não parece ser muito normal, e, com o decorrer do filme, continuamos vendo personagens tomarem certas atitudes ou falarem certas coisas que parecem corresponder a um cenário de sonho. E o terceiro ato do filme - que irritou muitas pessoas, alegando que se trata de um segundo filme que destoa completamente do primeiro - é surpreendente e intrigante, encerrando-se de forma abrupta e deixando o espectador aberto a diversas interpretações. A trilha sonora contribui bastante nessa parte, com um ritmo tenebroso e inquietante.
A fotografia também ajuda a manter um clima sombrio, mostrando uma Inglaterra decadente e cinzenta, quase tão sem esperança como os próprios personagens. E, ainda falando da parte visual, o filme é forte no quesito violência, de modo que Wheatley faz questão de forçar o público a ver claramente tudo que está acontecendo. Mas isso não será nada surpreendente para quem assiste a programação da televisão brasileira, principalmente os jornais do fim de tarde. A dupla de atores principais funciona muito bem, e a química estabelecida entre Maskell e Smiley é que conduz o filme de maneira leve pelo lado de Smiley e sombria pelo lado de Maskell. O conjunto de coadjuvantes ajuda bastante, principalmente Fiona com seu olhar assustador em certos momentos.
Kill List deve ser assistido de peito aberto e quem o ver assim - pronto para receber uma sacudida e sair com a cabeça rodando -, com certeza se sentirá satisfeito com o resultado final. O filme consegue passar por gêneros diferentes, se utilizando de um bom drama construído por seus personagens, bem como alguns toques de comédia e uma pitada de terror, se saindo suficientemente bem em todos eles. E mesmo para quem não conhece nada do trabalho do diretor, creio que esse talvez seja o filme mais indicado para começar, pois se o trabalho dele ficar melhor do que o apresentado aqui, em breve já estará na minha lista de diretores contemporâneos favoritos. Uma bela demonstração de como fazer um bom filme filme com um orçamento pequeno.
Li a sua análise na esperança de saber o que há de tão "perturbador" nesse filme.
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