segunda-feira, 22 de abril de 2013

Análise: Nuit Noire (2005)

Direção: Olivier Smolders
Roteiro: Olivier Smolders
Elenco: Fabrice Rodriguez, Yves-Marie Ghanoua, Marie Lecomte
Duração: 90 minutos
Gênero: Suspense / Drama / Ficção Científica
Países: Bélgica
Idioma: Francês
Resumo: O taxidermista Oscar encontra uma mulher desconhecida em sua cama e resolve cuidar dela



Duas crianças em um palco, gêmeos idosos, uma cortina vermelha se abrindo e revelando um cenário de floresta e uma criança mutilada. Com essa abertura surreal, Nuit Noire já mostra a que veio, e essa é uma boa coisa, pois esse definitivamente não é um filme para todo mundo. E, por mais que eu odeie usar a expressão "não é para todo mundo", aqui ela se justifica pois desde o início o filme mostra que seguirá uma narrativa fantasiosa, visto que logo após mostrar esse sonho, descobrimos que quem está vendo tudo isso é um médico, que, através de um funil está olhando o que está se passando dentro da cabeça de Oscar (Fabrice Rodriguez). Este trabalha como taxidermista em um museu e se surpreende quando volta pra casa e encontra uma mulher (Yves-Marie Ghanoua) em sua cama. A partir daí, ele começa a cuidar dela e acontecimentos cada vez mais bizarros começam a se desenvolver.



Alguns acontecimentos do filme mostram que o diretor Olivier Smolders não faz nenhuma questão de separar realidade e sonhos, de modo que é difícil saber quando Oscar está imaginando coisas e quando elas estão realmente acontecendo. E isso com certeza faz parte do enigma montado pelo filme, pois os acontecimentos que se desenrolam na parte final são dos mais bizarros que já vi em uma tela. Em muitas partes do filme me lembrei de Eraserhead (1977) de David Lynch, mas há também temas que remontam a outros cineastas que propagaram o surrealismo em suas carreiras, como Maya Deren e Luis Buñuel.


O mundo de Nuit Noire é, como a própria tradução do título diz, sempre escuro. Neste lugar, só existe luz durante quinze segundos a cada dia, e, sendo assim, a escuridão está sempre presente no cotidiano dos personagens. E o diretor se utiliza muito bem dessa característica, montando cenários que são naturalmente decrépitos, gerando cenas que poderiam facilmente se tornar quadros, de tão bem fotografadas. Além disso, Smolders mostra diversas cenas com insetos filmados com lentes que ampliam seu tamanho, mostrando esses seres com um tamanho imenso e assustador.

 

Até o momento esse é o único longa já feito pelo diretor, que já foi responsável por uma série de curtas-metragens, dos quais apenas assisti o ótimo Adoration (1987), que mostra um jovem se preparando para receber uma menina em casa para um jantar e acaba jantando a moça. Já naquele filme era possível ver como Smolders conseguia impressionar com o visual, e, assim, não pestanejei quando tive a oportunidade de assistir Nuit Noire.


Visualmente, o filme se aproxima de uma obra prima. O longa só não alcança essa condição em outros departamentos por pequenos detalhes, que com certeza não diminuem seu valor. No entanto, quem procura por uma obra mais linear, em que todos os pontos da história são explicitamente fechados, pode acabar se decepcionando. Por outro lado, para quem gosta de filmes cujos mistérios, mesmo não sendo facilmente resolvidos, são suficientemente bons para intrigar o espectador e deixá-lo pensando em como aquilo tudo se soluciona, Nuit Noire é imperdível.

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