terça-feira, 25 de novembro de 2014

Análise: As Aventuras de Pi (Life Of Pi, 2012)


Ficha Técnica:
As Aventuras de Pi / Life Of Pi (2012)
Duração: 127 minutos
Direção: Ang Lee
Roteiro:  David Magee
Elenco: Suraj Sharma, Irrfan Khan, Adil Hussain, Tabu, Rafe Spall, Gerard Depardieu

Atualmente, ser surpreendido por um filme está cada vez mais difícil. Desde quando eu soube que As Aventuras de Pi estava em produção, fiquei com um pé atrás, pois, apesar de não ter lido o livro, todos diziam que ele era infilmável. E o que lógica nos faz esperar de um livro infilmável é um filme inassistível. O terror era ainda maior por ver que o nome de M. Night Shyamalan estava associado ao projeto. Se levarmos em conta que nos últimos 10 anos o diretor fez bomba atrás de bomba, não dava pra ficar muito confiante no que estava por vir.

Surpreendentemente, após o lançamento do filme, tudo o que ouvi foram elogios. Falaram que Ang Lee conseguiu fazer mágica com a história, que a fotografia era uma das mais belas dos últimos tempos e tantas outras coisas. Mesmo assim, ainda não quis criar muitas expectativas, só acreditaria vendo. Para minha alegria, tudo o que falaram era verdade. 

A história é contada em flashbacks por Piscine Patel (Irrfan Khan), que tenta mostrar a um escritor como foi a sua aventura perdido no meio do mar após um naufrágio. Apesar da previsibilidade imposta pela estrutura narrativa do filme, este nos surpreende por toda a beleza demonstrada. Além disso, Lee demonstra muito respeito com as várias religiões demonstradas, e enquanto o pai de Pi diz para o garoto que as religiões são a escuridão, este resolve absorver os ensinamentos que elas podem trazer. Um diálogo interessante sobre o assunto é feito quando a família de Pi está na mesa de jantar e seu pai diz que “A ciência consegue chegar muito mais longe do que qualquer religião” e a mãe de Pi responde que “Isso é verdade. No entanto, a ciência jamais conseguirá explicar o que está em seu coração”. Além disso, o filme inclusive oferece uma visão ateísta de tudo a que Pi foi submetido.

Os efeitos visuais do filme impressionam, principalmente por serem inteligentemente utilizados a serviço da história. Nada está ali de graça e é tudo orquestrado de maneira a enriquecer a nossa experiência. Além disso, a qualidade é tamanha que durante o filme eu fiquei em sérias dúvidas se o tigre que acompanha o Pi era real ou não. Uma rápida pesquisa me mostrou que em 14% do filme (23 cenas) o tigre era mesmo real, sendo feito em CG nas restantes. A fotografia de Claudio Miranda é de arrancar lágrimas. Cada frame do filme é equivalente a uma tela de pintura, tamanho é o esmero dado a tudo o que se passa em cena.

A atuação de Suraj Sharma também se sobressai. O garoto, que interpreta Pi durante a época do naufrágio, se dedica a ponto de conseguirmos ver facilmente as mudanças físicas sofridas pelo personagem, e, além disso, as emoções que ele nos passa soam bem verdadeiras. O filme gerou certa polêmica, pois o livro de Yann Martel é considerado plágio do livro “Max e os felinos”, do gaúcho Moacir Scliar, mas o próprio autor brasileiro já se manifestou dizendo que, apesar de sua ideia estar lá, não há motivos para dizer que ele foi plagiado. De todo modo, depois de tudo que nos é mostrado em As Aventuras de Pi, não temos como saber se a história contada é real ou não. Sinceramente, isso pouco importa, pois ela tem substância suficiente para se tornar real em nossos imaginários. E, como o próprio Pi diz, devemos acreditar naquilo que preferirmos.

Trailer:



Imagens:





0 comentários:

Postar um comentário