sábado, 22 de novembro de 2014

Análise: Os Infiltrados (The Departed, 2006)



Ficha Técnica:
Os Infiltrados / The Departed (2004)
Duração: 150 minutos
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: William Monahan
Elenco: Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Jack Nicholson, Mark Wahlberg, Vera Farmiga, Alec Baldwin, Ray Winstone

Que os leitores deste blog que me desculpem, mas tenho que iniciar esse post da mesma maneira que comecei o anterior: O tempo. Ah, o tempo.

Assisti Os Infiltrados pela primeira vez em uma época próxima à que assisti Crash: No Limite. A minha impressão sobre ambos se inverteu sete anos depois. Como vocês podem ver no post anterior, Crash: No Limite se tornou uma decepção para mim. Os Infiltrados, ao contrário, me alegrou pois gostei bem mais dele agora do que naquele tempo.


Primeiro, quero deixar claro que tenho um certo preconceito com remakes de filmes novos. Não vejo problema nenhum em pegar um filme que tenha, digamos, 30 ou 40 anos e adaptá-lo a uma linguagem nova, utilizando tecnologias diferentes e fazendo uma releitura da história. Por outro lado, me irrita profundamente o caminho que o cinema americano vem seguindo (principalmente o gênero do terror) ao fazer remakes de filmes que têm 2 ou 3 anos de vida. Os Infiltrados é um remake de Conflitos Internos (Mou Gaan Dou, 2002) que havia sido lançado 4 anos antes e, na minha visão, tal refilmagem era desnecessária. Mas não vou me prender a esse preconceito (mesmo porque já gastei todas as minhas fichas sobre o assunto ao falar de Crash: No Limite) e analisarei o filme deixando esse meu pensamento de lado.

A trama segue Billy (Leonardo DiCaprio) e Colin (Matt Damon). O primeiro é um aspirante a policial que nunca conseguiu efetivamente se tornar um e acaba se tornando informante da polícia, na tentativa de conseguir provas que incriminem Frank Costigan (Jack Nicholson). O segundo foi criado como pupilo de Frank e começou a trabalhar na polícia exatamente para servir como informante e alertá-lo sobre operações que poderiam colocá-lo em risco.  Ao notarem que suas operações para prender Frank sempre acabam dando errado na última hora, os policiais acabam por suspeitar que há alguém de dentro da corporação passando informações à quadrilha do criminoso. Analogamente, ao ver que a polícia está descobrindo coisas que não fariam normalmente, Frank começa a suspeitar o mesmo.

Isso gera um interessantíssimo jogo de gato e rato. O único contraponto a isso é que tal jogo demora muito para engrenar, sendo que Scorsese gasta quase uma hora apenas introduzindo seus personagens e mostrando suas motivações. Mas, passada essa fase, o diretor cria cenas que nos fazem ficar grudados à cadeira, e à todo momento achamos que algum dos lados vai conseguir descobrir quem é o traidor entre eles.

Merecem destaque também as atuações, principalmente a de Leonardo DiCaprio. É triste saber que um ator tão talentoso acaba sendo rejeitado pelas premiações, ficando com o estigma de que é apenas um rosto bonito - mal que também assola Brad Pitt. Em Os Infiltrados, o ator representa muito bem a dualidade do seu personagem e consegue mostrar satisfatoriamente o sofrimento deste, que tem que cometer ações que vão totalmente contra os seus princípios, devendo fazê-las para provar-se leal a Frank. Há um momento particular em que ele é confrontado pelo mafioso, que desconfia da sua lealdade, e ele dá um show de interpretação. O elenco de suporte também é respeitável, sendo que Mark Wahlberg (indicado ao Oscar por seu papel), também tem uma boa participação, apesar de aparecer pouco no filme.

O romance entre a psicológa (Vera Farmiga) com os dois personagens principais, por sua vez, soou um pouco desnecessário e conveniente demais. O desfecho também não me agradou muito e o terceiro ato, diferente do primeiro, pareceu acelerado demais.

No geral, Os Infiltrados é um ótimo filme. Vendo a lista dos indicados a Melhor Filme em 2007, creio que o prêmio ficou em boas mãos, assim como ficaria se tivesse ido para Babel (2006) ou Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine, 2006). Só é triste constatar que Martin Scorsese, um cineasta que tem tantas obras primas em sua carreira, ganhou apenas um Oscar, e por um filme que não chega nem perto do que ele já alcançou.

Trailer:



Imagens:







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