quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Análise: Paraíso: Esperança (Paradies: Hoffnung, 2012)

Ficha Técnica:
Paraíso: Esperança / Paradies: Hoffnung (2012)
Duração: 92 minutos
Direção: Ulrich Seidl
Roteiro: Ulrich Seidl, Veronika Franz
Elenco: Melanie Lenz, Joseph Lorenz, Verena Lehbauer, Michael Thomas

Falar de esperança em um filme de Ulrich Seidl chega a ser algo utópico. Quem tem algum conhecimento do trabalho do diretor, sabe que esperança é a última coisa que algum dos personagens dele pode ter, frente às situações difíceis que a vida os coloca.


Paraíso: Esperança faz parte da trilogia do paraíso, lançada pelo diretor em 2012. Fiquei curioso para assistir esse filme principalmente porque os dois anteriores, Paraíso: Amor (Paradies: Liebe, 2012) e Paraíso: Fé (Paradies: Glaube, 2012) mostram protagonistas igualmente perdidos. Em Paraíso: Amor, uma senhora vai fazer turismo no Quênia e acaba se envolvendo com garotos de programa e participando de orgias organizadas pelas amigas. Em Paraíso: Fé, uma mulher tem uma relação das mais estranhas com Jesus Cristo, o que faz com que seu casamento – já degenerado – seja totalmente devastado e ela passe por diversos momentos de auto-punição.

Em Paraíso: Esperança, acompanhamos Melanie (Melanie Lenz), filha da turista de Paraíso: Amor. A menina, que está bem acima do peso, é mandada para uma espécie de spa para jovens obesos, onde aprendem levar uma vida regrada, se exercitar e coisas do tipo. Como todo bom adolescente, eles assaltam a cozinha para roubar comida, saem escondidos, e fazem festas. Nesse cenário, Melanie (que tem 13 anos) se apaixona pelo médico do local, Dr. Artz (Joseph Lorenz). A partir daí, o que vemos é uma menina que, na mais pura inocência, acredita que há chances de desenvolver um relacionamento. Ela começa a visitar sempre o consultório e, recebe apoio das amigas na situação, que a impulsionam a acreditar na possibilidade de desenvolvimento de um caso amoroso, dizendo que a rejeição inicial que o médico demonstra é proposital, para que ela não se decepcione. Com o avanço da trama, acabamos presenciando coisas bem estranhas, como ataques de ciúme por algo que não existe e uma espécie de ritual realizado pelo médico em determinado momento do filme.

De todos os filmes que assisti de Seidl até hoje, esse certamente é o menos incômodo. Ele mantém sua característica de filmar sempre distante dos seus personagens, o que gera um afastamento entre o público e eles, tornando sua obra um "semi-documentário". Por outro lado, em toda a filmografia do diretor sempre há uma série de "socos no estômago" da audiência, mostrando situações cruéis e dolorosamente reais. Em Paraíso: Esperança, apesar do tema controverso, ele optou por fazer algo mais moderado, sem se enveredar por um caminho que, dado o seu histórico, era bem provável que fosse seguir. Eu esperava que o comportamento que Melanie demonstra em relação ao médico geraria uma reação diferente por parte dele. Talvez Seidl queira nos mostrar que, mesmo no mundo decadente em que vivemos, realmente ainda há alguma esperança.

Trailer:


Imagens:







2 comentários:

  1. Adoro esta trilogia, o primeiro que vi foi Paraíso: Fé, na minha opinião o mais incômodo. São filmes hiper realistas, e realmente Paraíso: Esperança é mais leve.
    Abçs =)
    http://pitadadecinema.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelo comentário!

      É difícil dizer qual o mais incômodo (entre Fé e Amor). Acho que fico ainda com o último, me abalou mais, por assim dizer.

      Excluir